7 de agosto de 2009

Sem Título

Piedade, Senhor!
Dizem os hipócritas, sujos ainda
Da benfazeja honra dos mortais,
Aquele pecado,infinito.
Estamos sozinhos neste quarto escuro, o mundo...
O Grande Pai está a dormir profundo sono...
Órfãos de mãe (morta pelo marido, invejoso),
Choramos sua ausência
Procurando-a na beleza inaudita,
Na sexualidade reprimida.
Então mais um gole,
Do sangue mais puro
Vendido em pardieiros,
De onde partem os malditos
Escritos e versos meus.
Ambrosia virulenta,
Que consagra os perdidos,
Tenho-a ainda...
Em fígados antigos, encharcados,
Em braços esporádicos, ainda sentidos,
Em corpos em brasa, febris pela ânsia.
Eis... ainda vive o poeta...

Memórias Póstumas de Um Suicida

Hoje vou postar um poema, mas que não me pertence. Sua autora é uma jovem poetisa e atriz, Amanda Braga. Apreciem, e espero que ela me conceda outras oportunidades de publicar aqui seus trabalhos. Eis então:

"Caminhos vazios,
Vadios...
A fome que percorre o estômago,
O breu que enche o medo dos olhos,
Vasos d’água derramam sem piedade.
O sol me esquenta a face,
O sangue me percorre os dedos...
Desertos...desprezo a sanidade!
Facas de gumes duplos
Assentam minhas mãos desprovidas,
E os olhos das virgens carcomidas
Se debulham em flores...
E então pra abrasar as minhas dores
Fiz-me defunto gratuito
Pra morrer com vida..."