24 de setembro de 2009

Um pastor, Um pai, Um canalha (parte 1)

O culto havia acabado e logo se seguiu aquela reunião na frente da Igreja Neo-Ultra-Pentecostal da Bênção Divina. Aquilo sempre acontecia, e o pastor Tobias, líder daquela comunidade, ficava ali, agradecendo as visitas e cordialmente cumprimentando os irmãos. Tinha ódio daquilo tudo. Queria mesmo era ir para casa, o quanto antes, transar como um louco com a esposa e devota Marly. Naquele momento de fim de culto, era a única mulher que se apresentava em suas vistas para tal ato. Ficava ali mesmo era para ver uma possível nova presa, alguma mulher nova, de pernas e seios firmes,traseiro suculento, disposta a "tomar a sua cruz" e seguí-lo, fielmente. Tinha este dom. Motivos eram os mais frequentes, até mesmo para a esposa. "Você realmente não precisa ir, Marly. Este culto foi marcado de última hora, e naõ posso me atrasar. Você com certeza vai ao próximo, minha Bênção!" Os motéis da cidade eram o templo de suas pregações, e seu púlpito era sempre um corpo gostoso, de alguma neófita , pernas e seios firmes, traseiro suculento agora nua, agora dele. Naquela noite, do fim do culto, depois de toda aquela tortura para ele, entrou no carro e, acariciando as pernas da mulher, dirigia de maneira imprudente de volta para casa. Eu sempre estava lá, vendo tudo aquilo. Ficava no banco de trás, encolhido, sempre aborrecido por ir à igreja todos os domingos, pela manhã e pela noite, nunca tendo a chance de ter uma folga. O pastor Tobias era uma personalidade no bairro. Homem de vários talentos, nunca trabalhou na vida. Não tem experiência em nenhuma atividade profissional, exceto pregar. Pregar sempre foi a sua vida, e seu pai, decano da mesma igreja e hoje na glória, já o havia prevenido que "o evangelho te dará várias oportunidades de ganhar almas para o reino..." ele sempre esquecia de mencionar os ganhos sobre estas almas, que não precisavam mais daquele dinheiro, uma vez que eram almas, não gente. Aquela mão sempre subia, entre uma marcha e outra, e de vez em quando ele olhava pelo retrovisor, fiscalizando minhas atitudes, meus olhares. A devota Marly, coitada, era a imagem da submissão extrema, burra, imbecil, que sempre era atormentada por Paulo e sua passagem que diz que "o marido é o cabeça da mulher, como Cristo é o cabeça da Igreja" . "Homem manda, mulher obedece", o lema preferido do pastor Tobias, em casa. Na igreja, as mulheres eram "Bênçãos", "Varoas", "abençoadas"; e no reservado da sala pastoral, quando alguma daquelas infelizes tinha alguma dúvida espiritual , provocada pelo discurso obtuso e confuso dos sermões carregados, e a ele se achegavam ... decotes sensuais, saias lícitas, permitidas pela congregação, acima do joelho, pernas grossas, alguns pêlos dourados; se transformavam em sua mente , naquelas cenas que gostava de visualizar, em "putas", "cadelas", "vadias". Ele nunca me pegou em atitude suspeita; nunca percebeu qualquer movimento de meus olhos diante de suas investidas , de suas obcenidades. Os gemidos de Marly começavam a ser perceptíveis, e o pastor Tobias sempre espionava o banco de trás; sabia que eu estava a dormir, tinha certeza, como suas certezas sobre Deus e os planos divinos para o homem. Aquela mão, a constância dos movimentos, as marchas erradas. Nunca dormi naquele banco de carro, nunca.

Continua...