10 de julho de 2009

Em Busca de Um país Lobateano

"Um país só se constrói com homens e com livros." Assim Monteiro Lobato definia o que era necessário para o surgir de uma nação, um Estado, um povo. Poucas vezes viu-se na História um reino, um ducado, um principado, uma vila, uma cidade, qualquer aglomeração humana realizar esta utopia lobatiana; é certo que possuímos países com altos graus de cultura, muitas vezes fazendo parte da criação desta. Segundo a divisão marxista das nações, onde várias foram colônias e outras tantas colonizadas, as primeiras sempre impuseram suas diretrizes culturais, e as segundas eram obrigadas a retê-las, inclusive suas formas de ver e analizar a realidade.

Pouquíssima coisa temos com as grandes nações letradas do mundo. Portugal nunca esteve disposto a construir uma grande civilização entre os "selvagens", preferindo outras formas mais rentáveis de espoliação e domínio. Tínhamos aqui uma identidade, hoje já bastante divulgada e analisada, mesmo que se pareça bastante com a antiga forma de comércio ancestral; quase ninguém liga realmente para o que um pajé ou uma tribo faziam no meio do mato, mesmo sendo esta nossa expressão humana mais próxima. Prevaleceram as uiformidades, a cultura, a visão da realidade do dominante barbudo e alvo. Mas voltemos para o principal. Nosso país atravessa uma boa fase, onde a economia tem sido elogiada e alguns índices importantes têm sido alcançados na área social, mas ainda não é tudo. Não é só casa e comida que faz uma nação feliz. É preciso que aquele do início, idealizado por Lobato, aconteça. Como poderemos gerir as nossas finanças, nosas contas públicas, a saúde, a educação básica, a luta pela igualdade, contra as injustiças, como conseguiremos encarar este difícil regime - o da democracia - se nem mesmo sabemos como funcionam as leis, como somos regidos, o que a constituição determina, ou nem mesmo sabemos quem foi Machado de Assis? Neste proposital estado de coisas atuais, onde se escolhe entre comer ou ler, a massificação da informação pelos meios mais baratos - até ilegais - pode ser uma alternativa para se baixar o custo dos livros impressos e de outras mídias. Defendo sim o download, a pirataria, as formas mais econômicas de inclusão. Quando o valor for menos importante do que o serviço de utilidade pública do conhecimento destinado a qualquer público, e este possa pagar sem passar fome, aí a lei pode ser observada. Boicotes, passeatas, espaços comunitários de imprensa, divulgação de sítios com livros e documentários gratuitos, todo apoio deve ser estimulado para que o acesso seja maior e mais digno, atingindo o maior número de pessoas. Não nos enganemos! Enquanto não obtivermos um povo esclarecido, jamais seremos um país lobateano.