11 de outubro de 2010

O Surdo-Mudo

Tornei-me, ó Deus, Surdo-Mudo...
Silêncio ao falar...
Silêncio ao ouvir...
A imperturbável posição, inflexível
De alguém que simplesmente cansou...
Tornei-me,ó Deus, pelo hábito, Surdo-Mudo...
À toda a desgraça humana...
À todo rito ruidoso...
À toda fé praguejada...
À toda ciência verborrágica,inútil e pós-moderna
À toda amizade forçada...
À todo dizer... 'Eu te amo'...
À todo ouvir... 'Não te quero mais'...
Tornei-me,ó Deus, Surdo-Mudo...
Qual humano sobrevive a isto?
Apatia,
Solidão,
Distância,
Estranheza,
Receio...
Aquele desconfiar canino...

... Fi-lo porque qui-lo?

Tornei-me, Grande Mito...
Um enorme Surdo-Mudo...
Este é o segredo dos deuses...

5 de outubro de 2010

Em Trânsito

Elas vão e vêm... as pessoas
Veículos de amor, de ódio,
De olhares marcantes, de palavras duras
De tédio e de vivacidade...
De ideias revolucionárias, que mudam tudo...
Sempre vão e vem...
Uma grande avenida, aclives e declives a permeiam...
Estradas dentro de cada um
Alguns carros invadem tua rua...
Derrubam teus muros, impenetráveis
Vão embora, sem prestar socorro algum...
Elas vão e vêm...
Não há guardinhas, nem lei que regule este ir e vir...
É caótico mesmo, e muitos se arriscam
Altas velocidades em busca do fim...
Outros andam bem devagar, sem manutenção...
Medo de pneus furados e vazamentos de óleo...
Elas sempre vão e vêm...
Muitos morrem na pista...
E quantos morrem!
Alguns vão embora e deixam saudades...
Outros chegam e pedem informação... acabam ficando...
Dia e noite, vão e vêm...
Este é o trânsito...
Quer uma carona?