28 de maio de 2011

As superfícies e as palavras

Dá-se mais valor às superfícies. As palavras quase sempre traduzem pouco. O que se vê é a estética do papel, do corpo, de um rosto sem manchas, se está devidamente limpo, onde foi achado, onde mora, qual sua procedência, se tem hábitos malvistos ou é um gentleman. As palavras, sujas ou não, pouco importam. Vê-se isso nos comportamentos, Nada se aprende. A estética da superfície é mais plausível, bem mais discutível do que algumas palavras incógnitas, hieroglíficas. Seria este o grande fracasso de toda a tentativa de se explicar o humano?
Acho mesmo que como as palavras seguem sempre depois da avaliação da estética, aquelas não são respeitadas nem levadas à sério. A técnica fabrica o papel, o sensível transcreve as palavras. É tudo mesmo nesta ordem impositiva, muitas vezes cruel e irracional. Afinal de contas, os que se submetem ao exagero do belo que o suportem, as palavras sempre são mais leves de carregar. Como tudo o que há no mundo, a superfície é mesmo o que conta.
E seguem-se as incoerências... Uma pena.