22 de julho de 2009

Saiu calada, ainda a vestir-se,
Bateu a porta. Chovia.
Olhei pela janela, sob pingos muito grandes
Nem tinha guarda-chuva...
A sala, testemunha obrigada
Do fato preterido
Continuava solene
Luz? Um abajour.
Sentado na poltrona, já toda rasgada,
Um homem suspira, repleto de gozo,
Também por vestir-se, papéis sacudidos,
Houve violência há pouco...
Um papel, no entanto, restou impoluto
Grafia simplória, palavras malditas,
Aquela que há pouco deixara esta casa
Era a poesia, virulenta e desapegada...

Julio Silva - Maldições Poéticas e Cançoes do Agora