18 de agosto de 2009

Às Substâncias Etílicas - poema maldito

Despede-me, Vinho...
Não aguento-te mais,
Conheces minha alma mais do que aquele
Que na capela ouve as confissões infindáveis;

Encerra-me, Álcool etéreo...
Num quarto imundo de cortiço barato,
Revelas a mim, teu companheiro perene,
As virtudes de seguir numa vida sem sentido;

E neste estado hediondo...
Sigam-me, Musas...
Tranquilas senhoras do saber poético,
Substanciem meu crânio oco
Com verdades sublimes, rosas e jasmins;

Poeta maldito, no meio da praça,
Lamenta os permeios que o destino apresenta,
Não suporta e ri, insano e ébrio,
Desventuras que vive, o sentir que não passa

Basta, substância letal!
Tão querida e cobiçada pelas almas funestas
Que abandonaram a vida em direção ao pecado
De continuar um caminho, sombrio e sereno...

Amanheço sujo do vômito herético,
Serviu-me de luz, agora é odor,
Vindo do estômago apenas o resto
Do Vinho,
Do Álcool,
Das Musas,
Da vida.


Eis - O sonho

Eis - o sonho...
Invenção sacrílega de nossos cérebros primatas,
Faz com que sejamos, nos idos da noite,
Verdades que o sol considera insanidade;

Explique a dor;
Sacie a sede;
Mate seu pai;
Copule com sua mãe;

Neste mundo onírico,
Onde nunca fingimos,
Somos o que repudiamos,
O Assassino,
O Amante,
O Herege;

Pobre é o homem que acredita no Dia,
Pois à noite, ali está o seu eu reprimido,
Somos sombras de uma outra esfera,
Minoria consciente, diante de uma maioria ébria,

Eis - o sonho,
Isto é tudo o que somos...