19 de julho de 2009

Os Ídolos-Humanos-Comuns

Vimos recentemente a exposição pública da vida, da carreira e da morte de uma personalidade mundial. Marcada por turbulências e desgraças, a existência de Michael Jackson, sendo analisada friamente, é reflexo de dor e angústia profundas. Hoje buscam-se culpados pela sua morte, mas todos sabemos quem os matou: a mídia e o fã. Este não é o primeiro caso de "linchamento coletivo" que causa o fim de um astro, de um ícone, de alguém que é espelho e molde para muitos. Parece paradoxal, mas estas estrelas são moldadas por aqueles que necessitam de um modelo a ser seguido; o artista e sua produção representam muito pouco de sua fama, de seu status. Aliás, muitas vezes o artista nem produz aquilo que gostaria, levado a compor, escrever, pintar a maioria, os gostos que vendem. Ninguém liga para o que esta "vítima" sente, pensa, analisa sobre o que acontece. Numa manisfestação de dupla personalidade, aquele que está em evidência torna-se obrigado a possuir atitudes públicas e privadas, sem saber o que é realmente aquilo que o representa. A grande maioria dos mitos era constituída de pessoas amarguradas, tristes, o contrário daquilo que sua obra ou persona refletiam, para os outros sufocados pela ganância das grandes companhias, pelo falso sentimento de saciedade, de reconhecimento. Os fãs, criaturas amorfas à procura de valores que entendem o ídolo os dará,constituem a própria razão de ser da dor do artista.Dicotomias? Porçoes de uma mesma coisa maluca? Creio ser este o fato. Na busca por novas expressões, novas canções, novas idéias, somos levados pela mídia a corromper o artista, tratando-o como mercadoria, mal apreciando o que ele quer trazer, levando falsas impressões, além de sermos responsáveis, muitas vezes, pelo choro, solidão, sofrimento e morte destes "ídolos-humanos-comuns".

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